O maior uso
de biocombustíveis é uma das ações apresentados por Cerri para reduzir
as emissões de gases de efeito estufa e consequentemente o aquecimento
global
Para
enfrentar os desafios das mudanças do clima e as exigências do mercado
internacional, a pesquisa brasileira tem de estar na vanguarda do
conhecimento. É o que afirma o professor e pesquisador do Centro de
Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena-USP),
Carlos Cerri. Ele foi um dos palestrantes do segundo dia do Congresso
Brasileiro de Soja e Mercosoja, que ocorrem em Florianópolis (SC) até o
dia 25 de junho.
De
acordo com Cerri, cientistas brasileiros precisam conhecer os sistemas
produtivos e quantificar a pegada de carbono de cada cadeia.
“O
Brasil precisa gerar dados, precisa estar na vanguarda. Temos de fazer
pesquisa de ponta e publicarmos para termos os dados e proteger a nossa
agropecuária”, afirmou Cerri.
Como
exemplo ele apresentou a situação do biodiesel de soja brasileiro
utilizado na Europa. Para ser viável, ele deve apresentar uma redução de
35% na emissão de carbono equivalente em relação ao combustível fóssil.
Números gerados fora do país indicaram que esse índice era de apenas
31%, o que inviabilizava seu uso. Entretanto, ao pesquisar a campo,
encontrou uma redução de 65 a 68%.
“Avaliamos
toda a cadeia produtiva, com dados obtidos desde as fazendas até a
chegada do biodiesel ao consumidor europeu, e encontramos uma redução de
65 a 68% das emissões. Vimos que o biocombustível brasileiro é
competitivo”, disse o pesquisador.
O
maior uso de biocombustíveis é uma das ações apresentados por Cerri
para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e consequentemente o
aquecimento global. Como uma das principais atividades emissoras de
gases, a agropecuária também pode contribuir nesse processo. Para isso,
estratégias como a recuperação de pastagens degradadas, a fixação
biológica de nitrogênio, o plantio direto na palha, a integração
lavoura-pecuária-floresta, o reflorestamento e o tratamento de resíduos
animais são ações que contribuem para menor emissão e fixação de carbono
no solo.
“As
alternativas já existem e outras estamos produzindo. Na medida em que
conhecemos as fontes de emissão, vamos encontrar novas alternativas”,
disse o pesquisador da Cena-USP.
De
acordo com o Carlos Cerri, em menor ou maior escala, as estratégias
conhecidas já estão sendo adotadas no Brasil. Aliadas à redução do
desmatamento, elas têm contribuído para que as emissões de gases de
efeito estufa não sejam maiores no país. Porém, ainda é preciso maior
adoção dessas tecnologias.
“As
soluções para a redução das emissões já estão ocorrendo. Mas é preciso
fazer uma agricultura com mais inovação, mudando as práticas. Para isso,
precisamos de novos profissionais em áreas como modelagem, informática,
agricultura de precisão, entre outras”, ressaltou.
Fonte: Revista Ecoturismo
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