terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O PRIMEIRO ECOLOGISTA





Ecologia é a ciência que estuda a relação entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. O termo foi utilizado, pela primeira vez, no ano de 1869, pelo cientista alemão Ernst Haeckel.

Contudo, no estudo dos Evangelhos, encontramos o mais excelente ecologista.  Muito antes dos homens se preocuparem com a sua casa terrena, com as questões ecológicas, um Sábio Galileu demonstrou o viver saudável e a interação com o meio ambiente.

Ele nasceu num estábulo, apropriado para abrigar os animais. E um boi e um burro dividiram o espaço com Ele.

Seu primeiro berço foi improvisado numa manjedoura, utilizando-se, os pais, do feno reservado aos animais.

Seus primeiros visitantes foram homens que guardavam as ovelhas, no campo.

Iniciou Seu messianato, identificando-se, conforme as Escrituras, nas águas do rio Jordão.

Embora frequentasse as sinagogas e o templo, em Jerusalém, foi no altar da natureza que teceu as mais belas considerações a respeito do reino que veio implantar no coração dos homens.

Subiu a um monte e pronunciou o poema jamais igualado das bem-aventuranças.

No poço de Jacó, na Samaria, serviu-se do precioso líquido para tecer uma analogia e ofertar a água viva, que dessedenta para sempre.

Falando a respeito da fé, a comparou ao minúsculo grão de mostarda que, semeado, se transforma em frondosa árvore, onde se vêm abrigar as aves.

Lecionando a humildade, declamou versos a respeito dos lírios dos campos, que não tecem, nem fiam, mas que se vestem com maior pompa do que o grande rei Salomão.

Ensinando a confiança na Providência Divina, referiu-se às aves do céu, que não semeiam, nem colhem e, no entanto, o Pai lhes provê o alimento diário.

Em meio à tempestade, que atemorizava os companheiros, Ele se ergueu e falou aos ventos, ordenando aos Espíritos que atuam na natureza, para que cessassem a sua ação.

Comparou-se a uma videira, adjetivando Seus discípulos como os ramos, Ele próprio distribuindo a seiva que os há de alimentar.

Denominou-se o ramo verde, o que viceja, dá flores, frutifica. Demonstrando o conhecimento intrínseco do ofício, ofereceu-se como o Bom Pastor, aquele que, ao contrário do mercenário que foge ante o perigo, dá a Sua vida pela das Suas ovelhas.

E contou a história da ovelha perdida, das noventa e nove em segurança no redil, da alegria do Pastor ao encontrar a Sua ovelha, carregando-a aos ombros.

Vivendo no ambiente da carpintaria, enquanto crescia, agonizou e entregou Seu Espírito ao Senhor da Vida pregado a um madeiro.

*  *   *

Jesus ecologista. Jesus, amante da natureza. Ressurgindo na manhã do domingo, Ele aguardou no jardim e se deu a conhecer a Maria Madalena.

E, em plena natureza, em meio à assembleia de cinco centenas de discípulos, alçou-se e desapareceu dos olhos humanos, adentrando o reino do Pai, deixando-nos a lição de amor ao semelhante e à natureza.

Natureza que Ele ensinou a apreciar em seus detalhes, a prestar atenção a coisas que parecem insignificantes mas que integram o meio ambiente em que nos movimentamos, em que vivemos.

Jesus, Modelo e Guia. Ecologista de primeira grandeza.



Redação do Momento Espírita.

sábado, 21 de dezembro de 2013

Abram os Parques


 Experiência única: pôr do sol no Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia.

 

 Parques nacionais são uma atração turística no mundo todo, menos no Brasil.

 
Nos Estados Unidos, parques nacionais são um mega empreendimento. De acordo com Jonathan Jarvis, diretor do National Park Service, em 2012 mais de 282 milhões de pessoas visitaram os 401 sítios que o órgão federal administra (entre eles, 59 parques como os nossos) – isso em ano de furacão Sandy, que levou vários parques a fechar.

Com as visitas foram gerados US$ 30 bilhões em atividade econômica e garantiu-se emprego a 252 mil pes soas. Ainda em 2012, quase 9,7 milhões de turistas foram ao Great Smoky Mountains, na Carolina do Norte, o recordista de visitação entre os parques nacionais americanos, e 4,4 milhões passaram pelo vice-líder Grand Canyon. Jarvis comanda 22 mil funcionários e um orçamento que, no ano passado, atingiu US$ 2,9 bilhões (R$ 6,2 bilhões).

Já os 68 parques brasileiros – dos quais 26 estão abertos à visitação – vivem situação bem diversa. Em 2012, eles receberam 5,6 milhões de pessoas, quase 58% do total do Great Smoky Mountains. O mais concorrido, o Parque Nacional da Tijuca, recebeu 2,5 milhões de pessoas no ano passado, porque está entranhado na cidade do Rio de Janeiro. Qualquer um que visite, de automóvel, a Vista Chinesa, o Corcovado ou a Estrada das Canoas já está dentro do parque.

A arrecadação com ingressos dessas unidades não atingiu R$ 27 milhões em 2012. Desse total, R$ 17 milhões, 62%, vieram do Parque Nacional do Iguaçu, muito visitado por causa das Cataratas do Iguaçu. A atividade econômica gerada pelos parques brasileiros nas suas regiões vizinhas ficou em torno de módicos R$ 500 milhões, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). “Nossos parques recebem menos de 2% do número de visitantes dos parques norte-americanos e devem gerar uns 2% do movimento econômico de lá”, analisa Márcio Santilli, coordenador do Instituto Socioambiental (ISA).

É natural que o Brasil fique atrás dos EUA no setor. Afinal, é um país emergente sendo comparado com a maior economia do planeta. Mas a diferença é gritante, sobretudo porque, como em outros setores, continuamos deitados em berço esplêndido, com muitas riquezas a mostrar e pouco traquejo e vontade política para fazê-lo.

De acordo com um relatório produzido pelo Fórum Econômico Mundial sobre competitividade turística, o Brasil é o 51º entre 140 países e está nas piores posições quanto a transportes, preços, burocracia, taxas e impostos. Entretanto, ocupa o 1º lugar como destino interessante quanto aos recursos naturais, o 6º quanto a locais reconhecidos como patrimônio natural da humanidade e o 16º quanto ao patrimônio cultural.

Matéria-prima ecológica não falta, portanto. Falta é desenvolvê-la, como outros países já fizeram. “Os cinco principais parques da África do Sul recebem mais de 4,3 milhões de visitantes por ano”, lembra Santilli.
É preciso reconhecer que, mesmo quando fechados à visitação, os parques são importantes prestadores de serviços à sociedade. Por meio deles, é possível preservar nascentes e mananciais de água, solos, ecossistemas, a biodiversidade, a produção de chuva e o equilíbrio do clima, como nos parques remotos da Amazônia.

Mas manter o status quo atual – com 62% dos parques fechados – é, em princípio, estranho. Na prática, avalia o empresário Roberto Klabin, ex-presidente da Fundação SOS Mata Atlântica, a proibição deixa os parques fechados reclusos ao imaginário, excluídos da vivência dos brasileiros. “Os parques não são da população. São dos técnicos, das pessoas que cuidam do meio ambiente”, afirma o empresário.

 
Negócio promissor

O relatório do Pnuma, Contribuição das Unidades de Conservação para a Economia Nacional, de 2011, mostra que investir nos parques seria um ótimo negócio. Segundo o estudo, ao se considerar o fluxo de turistas (brasileiros e estrangeiros) estimado para o país até 2016, ano da Olimpíada no Rio de Janeiro, o aumento do interesse na procura por ambientes naturais e a média de investimentos nos parques nacionais nos últimos tempos, seria possível chegar àquele ano com 13,7 milhões de visitantes nessas unidades de conservação, que gerariam R$ 1,6 bilhão em receitas.

“O governo precisa perceber que o Brasil é uma potência ambiental. Ele só lembra que somos uma potência agrícola”, diz Klabin. A ficha tem demorado a cair. No Brasil, os parques nacionais e as outras 244 unidades de conservação federais estão subordinados ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). O  orçamento do ministério nunca foi grande coisa e é um alvo prioritário do governo federal quando quer economizar. O site Contas Abertas revelou que no ano passado, por exemplo, dos R$ 4,1 bilhões previstos, R$ 1,1 bilhão (27%) foi bloqueado (“contingenciado”) para compor o superávit fiscal.

O MMA fica com apenas 0,15% do Orçamento Geral da União e 0,07% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Tem sido assim quase sempre, subfinanciado, o que comprova que o meio ambiente não é prioritário diante das muitas carências do país.

Para sustentar os 5.600 funcionários do ICMBio (dos quais 1.900 efetivos) e cumprir suas atribuições nas unidades de conservação, o instituto dispõe de um orçamento de cerca de R$ 503 milhões por ano, somado a valores variáveis de compensações ambientais, fundos governamentais, acordos de cooperação internacional, doações de empresas privadas e multas ambientais que raramente são pagas, devido aos constantes recursos dos infratores e à lerdeza da Justiça.

É, previsivelmente, pouco. Muito pouco. O órgão tenta, segundo seus gestores, “seguir a diretriz da área econômica, de fazer mais com menos”. Mas, nesse contexto, nem se estranha quando os técnicos do ICMBio dizem que é impossível estimar qual seria o valor ideal de recursos a serem aplicados nos parques. Ninguém pensou nisso até agora.

O caso eventual de um parque superavitário também cai no mesmo impasse. Segundo o gestor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Luiz Pegoraro, apenas R$ 3 milhões dos R$ 17 milhões arrecadados em 2012 ficaram para as despesas de custeio da unidade federal paranaense (itens como pessoal, vigilância e serviços). O restante seguiu para Brasília, como orienta o sistema orçamentário federal. A rotina geral é depender de Brasília para praticamente tudo.

Outro problema que aflige os parques brasileiros é a tremenda confusão fundiária. Dos mais de 26 milhões de hectares das áreas somadas, 17% coincidem com terras indígenas ou quilombolas e parques estaduais, afora propriedades privadas.

Como os parques, em princípio, são da União, alguma ordenação jurídica diferenciada seria necessária para lidar com essa bagunça. O belo Parque Nacional do Itatiaia, por exemplo, privilegiadamente situado entre São Paulo e Rio de Janeiro, vive um arrastado litígio com proprietários de imóveis em terras incorporadas em 1982.

Na Bahia, o Parque Nacional de Boa Nova, criado em 2010, está todo assentado em terras particulares. “Não temos noção de quando vamos iniciar as desapropriações, pois não há orçamento previsto para isso”, diz o gestor da unidade, Osmar Borges – seu único funcionário.


Precariedade

O resultado das verbas minguadas e do emperramento burocrático são parques com poucos funcionários, estado lamentável e escassas melhorias. Certamente o solitário funcionário do Boa Nova e os quatro isoladíssimos funcionários do Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque (o maior parque do país em área), no Pará e no Amapá, não bastam, por mais comprometidos que sejam, para dar conta do trabalho que um parque demanda.

Mesmo coordenando cerca de 800 pessoas no Parque do Igauçu – uma enormidade em relação aos demais –, Pegoraro reconhece que a sua equipe é pequena para cumprir todas as ações listadas no Plano de Manejo da reserva (as ações necessárias para a gestão sustentável dos recursos naturais no interior e no entorno do parque).

Pegoraro tem de lidar, por exemplo, com frequentes caçadores clandestinos e colhedores de palmito, atender aos pleitos dos 14 municípios com terras no parque e avaliar os pedidos de parcerias – sem contar a constante pressão local pela reabertura da antiga Estrada do Colono, que atravessa o parque de lado a lado. Borges se multiplica para tocar um parque “ainda na fase embrionária de implantação”. Christoph Jaster, gestor do Montanhas do Tumucumaque, não reclama de verbas, mas tem problemas sobretudo com “a aceitação, por parte do público, de uma unidade de conservação que ocupa 27% da área do Amapá, e com grupos que têm interesses na exploração mineral da área”. É muita terra, realmente.

A ideia de abrir as unidades à visitação pode trazer vários benefícios, desde aproximar os brasileiros de seu patrimônio natural até obter os tão necessários recursos financeiros para geri-los melhor. Para a direção do ICMBio, apenas dois parques (Pico da Neblina e Araguaia) estão oficialmente fechados, por conta de aspectos jurídicos ligados à sobreposição com reservas indígenas.

“O que estamos fazendo”, informa o órgão, “é, em primeiro lugar, atender os parques que apresentam maior pressão de visitação, dando-lhes os instrumentos de ordenamento que garantem a integridade dos recursos da unidade e a qualidade da experiência do visitante. A meta do ICMBio é facilitar o processo ou atender a todas as unidades nos seus processos de ordenamento da visitação num médio prazo”.

Mas é preciso cautela para não criar novos problemas com uma abertura apressada, alerta Mariana Napolitano e Ferreira, analista de Conservação do Programa Amazônia do WWF-Brasil. “Os parques devem estar preparados para receber os visitantes. Eles precisam de cuidados fundamentais, como plano de manejo atualizado e recursos como pessoal e infraestrutura (estradas, sinalização, banheiros, segurança, etc.) para oferecer uma boa visitação e minimizar impactos. Isso envolve também uma visão regional, dos Estados e dos municípios, que facilite a visitação quanto ao acesso ao local, por exemplo.”

Para estudiosos da questão, porém, as razões para a demora da abertura dos parques não são mais aceitáveis. “Nenhuma inconsistência do poder público pode evitar o acesso das pessoas”, diz Márcio Santilli. “Se ele coloca certos critérios e não tem estrutura para isso, deveria buscar recursos para atendê-los.”

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Fonte: Revista Planeta, por Eduardo Araia

Superondas de vento

Superondas de vento  
A turbina encapsulada da FloDesign, na baía de Boston, em Massachusetts, 
a primeira da companhia.


Uma nova turbina pode revolucionar o futuro da energia eólica.

Aproveitar a força dos ventos para gerar energia limpa a preços competitivos é uma tendência que se espalha pelo mundo, mas a operação tem seus senões. As turbinas que obtêm os melhores resultados são enormes, dão um trabalhão para serem projetadas, fabricadas, transportadas e instaladas, são barulhentas e o gigantismo causa problemas para as aves. Além disso, há o impacto visual, que torna os parques eólicos indesejáveis em áreas urbanas. Não à toa, os aerogeradores têm sido instalados em áreas desabitadas ou no mar, a certa distância da costa. A incompatibilidade entre cidades e cataventos eólicos, porém, pode estar no fi m, se um novo conceito de turbinas do mercado americano se mostrar bem-sucedido. A novidade vem da empresa FloDesign, de  Massachusetts, cuja divisão de turbinas eólicas (FloDesign Wind Turbine Corp) deu forma à proposta tecnológica de dois veteranos engenheiros aeroespaciais, Walter Presz e Michael Werle. Em 2004, Presz e Werle refletiam sobre novas tecnologias de propulsão a jato quando tiveram um insight: e se, em vez de
despejarem energia para propulsionar motores, jogassem a energia para fora, convertendo o motor em uma turbina eólica?
Veio daí a ideia de envolver cada turbina em uma cápsula especial circular, construída em fibra de vidro, que os dois chamam de “misturador ejetor”, que responde pela potência diferenciada obtida pelos aparelhos da FloDesign. O misturador possui uma hélice que suga o ar para dentro e, por meio de sulcos e ângulos projetados na câmara, ajuda a criar um vórtice em seu interior. “É uma bomba de sugar ar sem partes móveis”, explica Presz. A energia extraída é transferida para um gerador, enquanto o ar é expelido pelo ejetor. O resultado, garantem, é um desempenho muito melhor. “Nossa máquina gera o dobro da energia das turbinas convencionais. Um vento de 3 km/h funciona como um de 6 km/h; um de 15 km/h parecerá um de 30 km/h”, afirma Presz.
A FloDesign Wind Turbine despontou no mercado em 2008, ano em que Presz e Werle construíram um pequeno modelo em escala e o testaram num túnel de vento do Massachusetts Institute of Technology (MIT). O sucesso nos testes rendeu prêmios em competições de geração de energia limpa e atraiu o interesse de investidores como o banco Goldman Sachs e a Kleiner Perkins Caufi eld & Byers (KPCB). Essa última, uma empresa californiana de capital de risco fundada em 1972, especializada em investir em companhias iniciantes, é um elemento chave dos últimos cinco anos de vida da FloDesign – um intervalo no
qual a maioria dos empreendimentos de tecnologia verde costuma naufragar. Em 2008, ela lançou um fundo de investimentos de US$ 500 milhões, específico para 40 empresas verdes iniciantes, entre as quais estava a FloDesign.

Descrição

Com o aporte e mais um subsídio de US$ 8,3 milhões da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada – Energia, do Departamento de Energia dos EUA, a empresa sobreviveu desenvolvendo pesquisa sem divulgar dados sobre seus testes e sua capacidade de gerar energia. A agência governamental justificou a discrição afirmando que a divulgação pública de dados da FloDesign atrairia a atenção de competidores estrangeiros o que atrapalharia as potenciais perspectivas de negócios de um empreendimento no qual havia dinheiro do contribuinte americano. Em vez de holofotes, a FloDesign dedicou- se ao aprimoramento do projeto para lançar um produto economicamente viável, certificando-se de que só venderia a máquina quando todas as questões a respeito de seu funcionamento – em especial sua capacidade de duplicar a geração de energia em relação a uma turbina convencional do mesmo porte – estivessem resolvidas. Várias etapas tiveram de ser vencidas nesse processo, a começar pela construção de um sofisticado túnel de vento próprio para testar as turbinas. A aerodinâmica do complexo também exigiu trabalho duro, já que a disposição dos sulcos e dos ângulos projetados para a câmara do misturador da turbina teve de ser verifi cada com rigor e várias vezes corrigida. Durante o furacão Irene, em 2011, uma turbina de teste instalada no porto de Boston revelou a vulnerabilidade do dispositivo das cápsulas a eventos climáticos extremos, o que exigiu a inclusão de abas que as fechassem em caso de tempestade. E muito planejamento foi necessário para a viabilização industrial do processo, desde a fabricação das peças até a montagem de uma cadeia global de fornecimento.
A FloDesign nunca pensou em desafiar as grandes empresas do setor, como a dinamarquesa Vestas (maior fabricante mundial de turbinas) e a americana General Electric. Seguindo a tendência mundial, essas gigantes têm investido em turbinas cada vez maiores. A V164 da Vestas, por exemplo, que produz 8 megawatts de energia, possui 208 metros de altura entre a base e o topo do rotor e suas hélices têm 80 metros de raio. Tais máquinas reduzem muito o custo da energia produzida, mas seu porte já limita a instalação a locais isolados. Pôr na rede a energia gerada nessas condições exige um pesado investimento.
De qualquer modo, o modelo convencional de turbinas continua vitorioso. Ele já responde pela maioria absoluta dos 225 mil aerogeradores em atividade, dos 280 mil megawatts de capacidade instalada e dos 670 mil empregos oferecidos pela indústria eólica no mundo em 2012. Graças a ele, a energia do vento produziu 2,5% da eletricidade consumida no planeta no ano passado.

Presença nas cidades

Para conquistar espaço no mercado, a FloDesign quer usar as características de seu produto de modo a aproximá-lo das cidades e indústrias. Sua estratégia envolve elaborar modelos menores e potentes, com altura pouco superior a 47 metros – próxima à dos postes de iluminação do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro – e capacidade nominal para gerar 100 quilowatts (suficientes para abastecer um grande edifício ou 30 casas). Desse jeito, acredita, as máquinas podem se misturar à paisagem urbana. A potência de 100 quilowatts por aparelho traz uma vantagem importante para o mercado dos EUA, permitindo que a Flo-Design receba do governo federal, até 2016, incentivo fiscal concedido a pequenas turbinas.
Além disso, as dimensões do produto o qualificam para substituir dezenas de milhares de turbinas do país próximas do fim de sua vida útil, oferecendo mais eficiência, sem criar os problemas técnicos e ambientais que as turbinas gigantes criam. Só na Califórnia há 25 mil unidades para substituir. Este ano, a FloDesign ganhou seu primeiro contrato importante: vai substituir 1.000 máquinas californianas velhas pelos seus novos geradores encapsulados.
Enquanto a turbina faz sua estreia no mercado, muitos especialistas veem com ceticismo suas anunciadas qualidades. Para o físico brasileiro José Goldemberg, a eficiência maior “viola as leis da física”. Ele também não acredita num sistema isolado de geração, como o que a FloDesign sugere indiretamente ao propor suas turbinas para o abastecimento de prédios ou indústrias. “Não vejo vantagem em máquinas isoladas. Elas têm de estar ligadas à rede. Quando venta, usa-se a turbina; quando não venta, usa-se, por exemplo, a energia de uma hidrelétrica”, explica.
A entrada na fase de comercialização significa alívio para os investidores da KPCB, que em maio passou por uma reorganização na qual a divisão de tecnologia verde perdeu importância.
Lars Andersen, presidente da empresa, reconhece que a comercialização de um produto revolucionário é inicialmente difícil. “Todo mundo quer ser o cliente 4 ou 5, ninguém quer ser o 1 ou 2”, afirma, mas já vê seus aparelhos espalhados pelos EUA e conquistando espaço no Japão e na Europa. “Temos grande otimismo e esperança nessas turbinas”, reforça Mark Johnson, diretor da Arpa-E.
Os próximos meses darão uma ideia mais clara sobre o futuro da FloDesign. Ou ela decola e vira uma das grandes em tecnologia verde ou fracassa como muitas empresas do setor.


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Fonte: Revista Planeta